quinta-feira, 15 de novembro de 2007

porto de abrigo

"Acontece por vezes nao esperarmos as coisas inesperadas. Acontece quase sempre num repente e irrompem, com estrondo, para dentro de momentos que julgavamos contrololados."

Rodrigo Guedes de Carvalho, in Casa quieta.




Estava deitada no meu sofa, grande, ja com o castanho gasto de tantas noites que m deitei lá, que embirrei com a minha irma para ver quem se aninhava lá por mais uma noite, com a minha manta aos quadradinhos, depois de mais uma noite onde todas aquelas pessoas que completam o meu ser, o meu coraçao, se tinham ido embora, deixando ainda o rasto do cheiro da castanha assada e o doce travo da geropiga comigo ali naquele sofá, naquela sala, com lareira acesa... o meu pai chama e me dá, por entre silencios, a noticia que eu nunca na minha vida quis receber!
A doença da moda...
o meu porto de abrigo, o meu mundo feliz, a minha avó querida tem a doença da moda!
ai que vontade d gritar! de bater nesse Deus que para ai falam que protege as pessoas que merecem!
SENHOR DEUS SERÁ QUE O SENHOR S ESQUECEU DA MINHA AVÓ?

precisei de ver a minha avó, me agarrar a ela, abraça-la pedir mais um pouco de mimo... senti-m egoista...
não quero perder a minha avó, sei que ja estou a fazer grandes dramas, sei que ainda nada acabou, sei que tenho tempo, sei que não é ainda o fim, sei que ainda há esperança... mas a noticia chegou neste momento em que na minha vida so tenho como certo a minha avó querida e assim d repente tiram-ma do meu futuro. NAO PODE SER! eu não vou deixar!
vou enche-la de mimo, vou dar-lhe o que ela m deu até hoje! vou ser o porto de abrigo dela! vou sorrir pa ela, vou passar-lhe a mão pela cara e dizer que tudo vai passar! FORÇA AVÓ QUERIDA!
vou escrever uma carta a esse senhor DEUS, ou então escrever um mail, pois na certa ja se modernizou, a dizer que não se esqueça de quem nunca s esqueceu dele!


agora que não há respostas para mim quero respostas!
sinto-me egoista! sinto-me tão egoista! não quero ter apenas recordações, nao quero que passes apenas de umas simples fotografias, nao quero perder o teu mimo,não quero perder o meu futuro ao teu lado, quero que estejas lá ao meu lado e dos meus filhos, quero que lhe passes a mao pelo cabelo como fizeste comigo, quero que lhe ralhes como me fizeste a mim, quero que me acompanhes á escola dos meus bebés... quero-te no meu futuro...
e ao pensar no meu futuro, recordo-me do meu passado, contigo... sempre contigo!
lembrei-me daquelas madrugadas fora a ver a marchas de santo antonio, de me ires tirar do armario porque nao queria levar a vacina, de teres o almoço feito quando chegava da escola, da companhia que me fazias , sentada ao meu lado naquelas noites de angustia, que só tu e eu sabemos... tu foste o meu mundo, o meu colo, o meu porto de abrigo!

tenho medo d não estar á altura! este receio não me larga!
quero deitar-me ao teu lado e ficarmos ali as duas sossegadas a deixar o tempo passar, eu a olhar para ti, para ficar contigo assim para sempre ao meu lado! vou dizer-te que te amo! que sem ti nao sou feliz! que sem ti não faz sentido o vestido branco no casamento, que sem ti a familia vai ficar pobre! os teus cabelos brancos, lindos que eles são!
quero dizer-te: vá levanta-te daí, vamos ate ao mercado, so para passear, e acabarmos por comprar toda e mais alguma qualidade de fruta...e eu rir com as pessoas que me dizem, que não te largo... ás quais agora responderia: não quero ficar sem ela!ela é a minha avó querida!
chamem isto de mimo! eu chamo de amor! muito amor! o meu por ela e o dela por mim!

mas tambem te tenho de pedir desculpa... porque nao fui capaz de fazer o que mais sonhaste para mim...
mas o meu coração diz-me que vais estar aqui ao meu lado muito mais tempo, pois vais sim senhor! nós as duas juntas temos muita força!
tu és o meu porto de abrigo e eu serei o teu!